Em delação premiada, o policial militar reformado Ronnie Lessa, acusado de executar a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e seu motorista Anderson Gomes, apontou quem seria um dos mandantes do crime. De acordo com ele, trata-se do Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ). As informações foram divulgadas pelo The Intercept Brasil.
Segundo o veículo, a principal hipótese que motivou Domingos a encomendar a morte seria uma vingança contra o ex-deputado estadual do PSOL, Marcelo Freixo, que atualmente comanda a Embratur e é filiado ao Partido dos Trabalhadores. Domingos e Freixo teriam enfrentado embates políticos na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, anos atrás.
Freixo trabalhou ao lado de Marielle durante dez anos e presidiu a CPI das Milícias em 2008, cujo relatório final citou Brazão como um dos políticos liberados para fazer campanha em Rio das Pedras.
Procurado pelo The Intercept, o advogado de Domingos, Márcio Palma, afirmou que não está ciente dessa informação e que tudo o que sabe até então veio pela imprensa. Ele afirma que não tem acesso aos autos porque seu cliente não era investigado.
Domingos Brazão foi preso em 2017, acusado de receber propina de empresários. A operação, batizada de Quinto do Ouro, decorreu da Lava Jato. Por esse motivo, Brazão passou quatro anos afastado do TCE-RJ. Em 2019, o conselheiro foi acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de obstruir as apurações do caso Marielle.
Já o policial Ronnie Lessa está preso desde 2019, tendo sido condenado em 2021 por se livrar de provas sobre o caso. Sua delação ainda precisa passar por homologação do Superior Tribunal de Justiça (STJ), pois Domingos possui foro privilegiado devido ao seu cargo no Tribunal de Contas do Rio de Janeiro.